Não somos escritores. Mas de tempos em tempos, inspirados em nossos mestres maiores, escrevemos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Limitadores

Despertarei?
num estalo de dedos eu vi
um mundo que me faz tremer
um mundo que me faz chorar
de tristesas e emoçoes
desse mundo que eu nao vou ver
que nunca vou conhecer
de sua fantástica infinita forma
nuâncias e entrâncias
desconhecidas e misteriosas
e eis a alegria da vida
o desconhecido a se desbravar
e a tristesa
de saber, que nem um milésio
desse mundo, posso dominar
quantas pessoas a se conhecer
quantas personalidades para conviver
mas poucas meu caminho vai cruzar
se só um idioma sei falar!
como com todos vou conversar?
quanto conhecimentos a adquirir
mas nem nos livros
vou conseguir buscar
nem em francês, alemao, inglês
e nem todos outros idiomas nao saberei ler
e dos que saberei, quantas e quantas palavras
não existem por nao as conhecer
quantas ainda que conheci
mas por preguiça no dicionário não as busquei
e quantas, mesmo no dicionário, não as guardei
quantas e quantas palavras ao vento
perdidas para sempre
quantos poemas criei
que naquele momento nao escrevi
e para sempre se foram
para um mundo desconhecido além do limbo
foram gritos no silêncio
calados para sempre, bem longe daqui
Quantos lugares longe desconheço
quantos mares e oceanos para navegar
montanhas a escalar, planícies a percorrer
e todas mais formas que
essa fantástica massa de matéria se moldou
mas não só da terra
nem do mar
o céu fechado esta para mim
sem asas nunca vou voar, e só daqui de baixo
poderei admirá-lo
quantos e quantos céus daqui não posso ver
nem os planetas! Só algumas ínfimas estrelas!
E de tudo isso que meus olhos não alcançam
não é nada
comparado ao que meus olhos não vêem
o invísivel ocenao de coisas que me cerca
e que eu nao posso ver, que eu nao vou conhecer
todas as coisas
todas as nao coisas
que mundo fantástico
vou chorar...

domingo, 22 de novembro de 2009

VIDINHA SEM VÉU


Quando chegas a tua casa tu, mulher, que te agoniza ao ouvir os pássaros cantarem. Sabe que o dia esta nascendo e a noite morrendo. Na noite que passou tu morreu mais uma vez. Como toda semana, como sempre tu fizeste. E agora este espelho revela teu cadáver suado. Corpo vivo e alma morta. Coração que bate sem razão, sangue escorrendo nas veias em vão.

E agora, depois do que passou, tu chega na tua casa. Tu tens casa! Com teus pés pretos de sujeira, dedos vermelhos daquela sandália que te fez sentir sensual, que também te fez sentir dor. Teu vestido curto cheira a qualquer substância etílica, com temperos de tabaco, nicotina, uma alquimia degradante. Teu rosto maquiado era tão lindo. Restaram-lhe feições fantasmagóricas. O lápis preto não mais é necessário. Tuas cavas nos olhos agora estão naturais. Teu batom borrado pela boca de algum desconhecido não mais embeleza teus lábios. E a base escorrida de suor revela tua verdadeira face.

Eis tu como estás. Eis tu o que tu és. A cabeça pesa toneladas. As pálpebras não mais firmam na face. Pela janela os primeiros raios de sol te trazem desconforto. É mais um dia chegando. Mais uma noite que terminou. Outra festa que acabou. Sim ela acabou. Não há mais festa, não há mais drogas, não há mais sexo. E agora, o que te fará feliz? Tua alegria é falaciosa. Finge um sorriso na cara. Deleitas por algumas horas. Depois restam somente restos. Restos de ti mesma, despedaçada, desfalecida. E agora, depois de toda euforia resta a verdade. A verdade que tu escondeste de ti mesma naquela noite. E que agora não quer pensar. Não tem como pensar. Vendeu o pensamento para comprar prazer. Gastou o prazer. Perdeu a razão.

Não tem mais forças. Atira-te logo à cama. Morra. Amanhã não tens compromisso, acordarás no final do dia. Perderás um dia. Tua cabeça estará destruída. Mas segunda, segunda já estará tudo resolvido. Voltarás a fingir viver. Fingirás que trabalha, fingirás que estuda e fingirás que gosta daquilo tudo. Fingirás que tudo é bom e que tu tens uma vida feliz. Fingirá que tens um propósito para deixar tua família feliz. Fingirás a ti mesma. E, quando no final da semana, tu mesma começar a duvidar das tuas mentiras, saberá que a sexta e o sábado estão chegando. É a alegria novamente se aproximando. Mais uma vez tu estas te enganando. Então, tu repete tudo de novo.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

BRASIL!!!




“Cês” Viram na Ipiranga marginais pálidos
Um povo mórbido que brada ofegante
É a tal da liberdade de homens pútridos
Tornou-se o troféu desta Pátria delirante.

Veja o senhor, quanta desigualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Se te contentas só com a falsa liberdade
Observa aquele preto que esta à própria morte!

Ó Pátria Amada,
Idolatrada,
Salvem-se! Salvem-se!

Brasil, sonho intenso de um povo sofrido
De amor e esperança esta terra carece
Sei que tens vergonhoso labéu, rançoso e sínico
Mas a verdade daquele que é eleito nunca transparece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E ainda assim sem futuro, mas que tristeza

Terra sabotada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Pátria abandonada!



..

.


Não é o que mais gosto de escrever, mas...
Um pouco de poesia social.
Para relembrar que ainda temos muito a fazer!




Jonas Vargas

domingo, 15 de novembro de 2009

Simplicidade


Para que serve conhecer todos os idiomas
se nenhuma palavra traduz o sentimento da emoção

Para que serve conhecer o mundo inteiro
se não se conhece o caminho do próprio coração

Para que serve tanto dinheiro
se aquilo que nos faz realmente falta não tem preço nem cotação

Para que tantas preocupações e tanto medo
se a vida é tão simples para quem vive com a razão

Saiba aonde encontrar aquilo que te procura...
. .
.
Desta vez dispenso a interpretação, posto que o objetivo é deixar esta livre ao leitor. O que quero dizer não importa, mas sim aquilo que cada um entenderá. Ademais perdoem-me os clichês iniciais. Eles são meramente introdutórios à frase que considero ter importância, a última.
Que faça sentido.
Jonas Vargas

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Trilhas e Rumos



Não estou sózinho
sinto eu a cada passo dado
neste mundo em que somos milhões
e nos sentimos ninguém.

Mas não, comigo não
a cada passo dado
não sinto que somos...
sou milhões!

A tempos sei que não estou só
e que sou guiado por estas terras...
Neste mundo me prometeram
que nele mesmo encontraria o inferno

E é nele agora que eu carrego
minha própria cruz adiante.
No entanto sei, que nesta sacra via
Estarão ali as rosas a desabrochar.

Então, terei aquilo que preciso
para sempre continuar
na estrada decisivo
sem medo de desanimar.


Impelido por alguém especial, voltei a escrever no blog. Futuramente renderei suas devidas homenagens, pois agora ainda não tenho a devida inspiração para tal.

Lanço aqui mais uma poesia do tipo das menores. Tentando colocar o papel a idéia da trilha, do caminho, da senda, que todos temos de seguir, escolher qual seguir no decorrer das nossas vidas. Nestas escolhas sentimo-nos muitas vezes solitários, seja de qual ordem for esse caminho. É natural sentirmos a solidão de que somos os únicos a tomarem aquele rumo. E não há nada mais verdadeiro! Cada pessoa em seu universo próprio tem um único rumo a tomar. Embora sigamos sempre um mestre, alguém que admiramos e almejamos alcançar, devemos sempre nos adaptar seus passos para nossas próprias vidas, de forma que cada um tem um caminho próprio e ninguém segue por um caminho acompanhado. Daí sentimo-nos só. Isso é natural e acontece com quase todas as pessoas que tomaram a decisão de seguir algo (infelizmente a minoria das pessoas, pois os demais ainda não escolheram nada, apenas andam para frente pois a vida os empurra, se assim não fosse, estariam sempre estagnados no mesmo lugar). Entretanto, com o tempo percebe-se que na verdade, embora tenhamos trilhado sempre solitários, estivemos sempre acompanhados de muitas outras pessoas que, como nós, aceitaram o desafio de cair na estrada. Cada um na sua, óbvio, mas todos unidos ao mesmo destino.

Assim, deparamo-nos nesse caminho com o mundo. Ele é a floresta da qual percorremos a trilha. Ele que nos colocará os galhos e obstáculos do caminho. A primeira vista este mundo é o inferno, como dizem alguns. Entretanto, esse inferno é a chão que temos a seguir! Este inferno é o terreno que plantamos nosso crescimento. Se quisermos seguir uma trilha, antes de mais nada temos que ter o chão para pisar! Que inferno é esse? Senão as oportunidades para crescermos, vencermos nossas dificuldades e evoluirmos! Eis aí a cruz que carregamos por nossa via sacra, um simbolismo do sofrimento que Jesus passou durante seu caminho até sua ascensão. Mas essas dificuldades convertem-se em rosas, quando vencidas. Eis aí a força que anima todos a continuar seguindo. A transmutação do sofrimento em aprendizados, no crescimento, no caminho percorrido.



Jonas Vargas

terça-feira, 7 de abril de 2009

Tempestade Noturna e o escrever poesia

TEMPESTADE NOTURNA

Na fria madrugada chove
Das pesadas e negras nuvens
que pairam nos meus olhos
Temporal
Raios e trovões chamuscam
Minha violenta mente insana
Trovoada
Minha cabeça biruta balança
ao rafalhar do fortes ventos
da minha respiração ofegante
Vendaval

Era a profunda noite negra
vendaval
trovoada
temporal
e trevas

Mas a madrugada predestina a matina
o azul no firmamente como herói
surge cavalgando no horizonte
afugentando o fantasma da escuridão
logo o choro cessa
restam olhos avermelhados
é o arrebol
é a aurora no oriente
sinalizando um dia melhor
trazendo a esperança renascente

. .
.

Antes que alguém leia e fique se indagando, o Vargas anda meio mal? Ele anda meio "deprê"? Ai vai a resposta: Não. Pois aí esta um dos mistérios da poesia. Muitas vezes escrevemos sobre nós mesmos libertando nossos sentimentos no papel alheio, exorcisando aquele sentimento ímpio que nos era encosto. Às vezes esse sentimento é bom. Algo que esta dentro de nós e é agradável, é opilante e nosso altruístico sentimento faz com que queiramos compartilhar com todos as sensações que também sentimos. Nesses casos o que jogamos no papel vem de nosso próprio sentimento. Entretanto quem escreve não necessariamente escreve por si. Toma por empréstimo o sentimento alheio, do próximo, ou até mesmo não o toma de ninguém. Cria-o, somente para o fim da poesia, uma fantasia. Escreve sobre algo que não existe, sobre alguém que não esta entre nós. Dissimula estados, sentimentos, pensamentos, ações, dissimula tudo. Escreve mentiras.

Mas será que a poesia é informativa? Qual sua função, de informar ao leitor sobre como vai autor? Sim. Quem é que escreve não querendo se expor? Pois, ora, não necessariamente sentimos, ou vivenciamos o que escrevemos, mas se escrevemos é porque aquela idéia esta em nós. Nem que seja somente como poesia. Como tentativa de belo. Portanto, quem escreve não necessariamente sente ou vivência aquilo que põe no papel, no entanto, aquilo que ele põe no papel tem de vir de algum lugar, e é de dentro, quando não de cima. Por mais que o poeta não esteja sentindo, mas aquilo passou pela cabeça dele antes de ir para fora, e ele tem aquilo então como pensamento. Eu não estou necessarimente triste, nem mesmo é madrugada, muito menos chove. Agora a idéia sim, e o sentimento poético da chuva, da melancolia, da noite, estes estão presentes em mim e agora exteriorizados.

Findo minha explanação citando aquele que resumiu o sentimento de todos que escrevem:

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

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Jonas Vargas

sábado, 4 de abril de 2009




OS ASTROS (I)



Quando eu deitei, da minha cama

Eu enchergava estrelas

Algumas estrelas

Da paupérrima noite citadina

Adormeci Feliz

Não mais as veria enquanto dormia

Mas tinha certeza

Que elas sim,

A noite inteira

Estariam ali me olhando.

Durmi tranquilo

A noite das estrelas

A noite dos anjos

Anjos estelares.
. .
.
De fato, meu apartamento novo para onde me mudei faz um mês me propiciou a beleza de poder ir dormir olhando estrelas. Embora sejam poucas, no entanto, por se tratar de Porto Alegre tenho que me dar por satisfeito. Demanhã, quando acordei com o sol na cara a primeira coisa que me veio à cabeça foi esse escrito. Confirmando mais uma vez minha idéia de que os poemas tem vida própria, apenas nos usam como meios para se manifestarem nesse mundo. Não quero tirar o méritos dos escritores, poetas e artistas em geral, pelo contrário, não são todos que têm a capacidade de ser um vetor poético. Quero dizer apenas, que a poesia não vem de dentro para fora, mas sim de cima para dentro e então para fora.
Isso eu chamaria de Inspiração.